Da natureza inteira atento escrutador,
Eu vi do grande todo o princípio e o fim:
O ouro potencial no fundo do torpor
E a matéria e o fermento a levedar. Assim,
Da alma de maternos flancos, o teor
De sua casa, o uso, forma, eu entendi;
Juntos grão e bacelo prontos para a flor:
Húmida terra, eu vi o pão e o vinho em ti.
Que nada era, e Deus quis: vi que em algo o nada
Se tornou, e inquiri onde estava apoiada
A vida universal, a geral harmonia.
Celebração e dor faziam um só nome,
E o eterno me chamou a alma e a fome
Da alma. E então morri. E nada mais sabia.
in As Magias
de Herberto Helder
2 comentários:
Esta foto está mesmo muito gira. É de quem?
Porque só se sabe, se antes não se souber... e só não se sabe se se viver...
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