12 novembro 2007

POR TUDO E POR NADA... ESPERA-SE...


Da natureza inteira atento escrutador,

Eu vi do grande todo o princípio e o fim:

O ouro potencial no fundo do torpor

E a matéria e o fermento a levedar. Assim,


Da alma de maternos flancos, o teor

De sua casa, o uso, forma, eu entendi;

Juntos grão e bacelo prontos para a flor:

Húmida terra, eu vi o pão e o vinho em ti.


Que nada era, e Deus quis: vi que em algo o nada

Se tornou, e inquiri onde estava apoiada

A vida universal, a geral harmonia.


Celebração e dor faziam um só nome,

E o eterno me chamou a alma e a fome

Da alma. E então morri. E nada mais sabia.


in As Magias

de Herberto Helder

2 comentários:

Anónimo disse...

Esta foto está mesmo muito gira. É de quem?

Porcelain disse...

Porque só se sabe, se antes não se souber... e só não se sabe se se viver...