23 outubro 2007

VOZ QUE SE CALA

Amo as pedras, os astros e o luar
Que beija as ervas do atalho escuro,
Amo as águas de anil e o doce olhar
Dos animais, divinamente puro.

Amo a hera que entende a voz do muro,
E dos sapos, o brando tilintar
De cristais que se afagam devagar,
E da minha charneca o rosto duro.

Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é Infinito e pequenino!

Asa que nos protege a todos nós!
Soluço imenso, eterno, que é a voz
Do nosso grande e mísero Destino!…

Florbela Espanca

2 comentários:

ContorNUS disse...

e como é plena essa sensação...

Obrigado pela partilha
A imagem bem acompanha o poema

Porcelain disse...

Ela amava muito, por isso escrevia assim... os sonhos que se calam, dos corações que sentem e não falam, ficam apenas latentes, porque um sonho que é sonhado com amor, nunca se cala verdadeiramente...